Seu Libânio Pires nos ensina que uma das formas da escravidão está na não titulação das terras quilombolas. A não titulação possibilita que elas sejam o tempo todo vendidas, invadidas e cercadas por fazendeiros, Estado e por projetos de desenvolvimento econômico.A morte dos igarapés afeta diretamente a continuidade da vida das famílias no território quilombola, na medida em que é deles que provém a vida. Dona Dalva nos fala que, "água é vida, sem água ser humano não vive e tem pontos de água que são moradas de mãe d'águas". Na relação com os encantados que habitam lugares dentro das matas, das mães águas que cuidam das vertentes de água é que os quilombolas vão tecendo leituras outras sobre os problemas ambientais e fundiários. Os conflitos ambientais são também conflitos étnicos raciais.A interação com os encantados é um princípio filosófico de coproteção que confere forma ao "homem" natural que tem seus pés fortes e firmes como as raízes das árvores, seu corpo protegido pela terra, pedras folhas, seus olhos feitos dos pássaros da mata e o coração incorporado por todos os espíritos/pajés/encantados. O corpo quilombola e o corpo da terra estão vinculados primeiramente por uma relação de respeito e depois pelo cuidado com a natureza.