Portela dos Ventos. 1964. Uma vila de criadores de gado bovino perdida no interior de Portugal, onde estão latentes os vícios e o temperamento do seu povo, seus interesses econômicos, filiações políticas divergentes, ambições desmesuradas e amores clandestinos. ''''Portela dos Ventos, no final do verão de 1964, era um vulcão com três chaminés ativas igreja, filarmónicas e criação de gado''''. Como pano de fundo, soletrado no jornal ou comentado na penumbra da taberna, a ditadura e a guerra colonial. Cinco décadas depois, inesperadas crateras desfiguram o chão desta terra que ''''não passa de uma aldeola que um dia se atreveu a erguer nas pontas dos pés para chegar a vila.'''' Palavras de Guilherme Paixão, eremita leitor de clássicos, que encontra no jornalista deslocado para investigar o fenômeno um ouvinte que o acompanha na sua viagem ao passado. Em ''''Todo este silêncio'''', o escritor Paulo Ramalho tece um romance aliado a um quase retrato histórico-documental da ruralidade e dos seus costumes, em contradição com o desenvolvimento ditado pelo progresso, por vezes deformado pelas feridas não saradas de outrora. A atmosfera original, aliada a uma miríade de personagens densamente exploradas pela erudição do narrador, é um convite indeclinável para esta leitura intensa da alma portuguesa.SOBRE O AUTORPaulo Ramalho nasceu em 1960. É antropólogo e vive há treze anos na ilha de Santa Maria, Açores. Obras publicadas: O crescer do silêncio (poesia, 1992), ed. Fora do texto; Ofício imperfeito (poesia, 1994), Histórias do reino distante (contos, 1996), Exorcismo dos Anjos (poesia, 1997), A Mar Arte Editora; As duas sombras (poesia, 2003), Íman Edições (Bolsa de Criação Literária IPLLB); Ilha entre linhas (poesia, 2008), Novo Imbondeiro (Bolsa Criar Lusofonia CNC); Boca aberta (poesia, 2014), Companhia das Ilhas. O outro lado da ilha (romance, 2015), ed. Clube do Autor (Bolsa Criar Lusofonia CNC).