A escravidão negra é o pano de fundo deste estudo. A partir da implantação do empreendimento mercantil - Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1755) - que dispôs do monopólio do comércio regular de escravos africanos para o Grão-Pará e Maranhão e de navegação nas rotas que ligavam os portos de São Luís e de Belém aos principais embarcadouros de escravos, na África, aborda-se o comércio de escravizados negros no que diz respeito aos registros de viagens e ao desembarque de cativos no porto de São Luís, bem como o levantamento de viagens (nas rotas do comércio escravo) e as procedências desses escravizados, mapeadas a partir de fontes da burocracia administrativa (ofícios, mapas da escravatura, visitas da saúde) e fontes paroquiais (registros de casamentos). O cenário é o Maranhão Colonial, mais especificamente, a segunda metade do século XVIII, que vivenciou consideráveis transformações devido à transição da economia de subsistência para uma economia conectada às rotas das trocas internacionais e à conexão ao espaço atlântico nas interações humanas e materiais. Nessa dinâmica, a região se tornava cada vez mais dependente dos braços de homens e mulheres escravizados, de modo a atender os imperativos de produção e a presença africana se intensificava localmente.