Em Três poetas do samba-enredo: compositores que fizeram a história do carnaval, a pesquisadora Rachel Valença, o jornalista Leonardo Bruno e o dramaturgo Gustavo Gasparani narram as evoluções deste gênero musical surgido nas escolas de samba do Rio de Janeiro, e suas transformações ao longo de oito décadas, desde os anos 1950. Os autores nos guiam pelas histórias a partir da trajetória de três baluartes do samba: Aluísio Machado, David Corrêa e Hélio Turco, afiliados respectivamente a tradicionais agremiações cariocas: Império Serrano, Portela e Mangueira. Embora, por vezes, desconhecidos do grande público, estes compositores têm seus refrãos cantados nas ruas e nos salões por multidões, e pertencem a uma geração de sambistas que viveu o apogeu dos compositores de escolas de samba. O livro mostra os bastidores das competições anuais, as parcerias, as vitórias, as controvérsias, e como o compositor, outrora figura central e força motriz em todo esse processo, a partir da era do Sambódromo, foi se tornando aos poucos coadjuvante no cenário. Neste livro, aprendemos sobre a importância destes três poetas do samba, que, com seus enredos e melodias, deram continuidade ao trabalho de criadores e fundadores das primeiras escolas de samba, como Cartola, Paulo da Portela, Ismael Silva, Carlos Cachaça, entre outros. Sobre os Três poetasAluísio Machado (1939-) é um dos mais respeitados poetas do samba brasileiro. Sua militância na ala de compositores do Império Serrano, lhe rendeu a vitória na disputa de samba-enredo 13 vezes. É de sua autoria um dos sambas-enredo mais conhecidos de todos os tempos: "Bumbum paticumbum prugurundum", campeão do carnaval de 1982 e com diversas regravações desde então. É um dos maiores ganhadores do prêmio Estandarte de Ouro, na categoria samba-enredo, e suas composições foram gravadas por nomes como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Alcione, Beth Carvalho e Martinho da Vila. David Corrêa (1937-2020) é um dos mais produtivos compositores da música popular brasileira. Muitos de seus versos estão no imaginário popular, como o clássico "Me leva que eu vou / Sonho meu / Atrás da verde rosa só não vai quem já morreu". É autor de grandes sambas-enredo como "Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma noite", gravado por Maria Bethânia, e "Macunaíma", gravado por Clara Nunes. É dele um dos maiores sucessos do pagode brasileiro "Mel na boca" - eternizado por Almir Guineto -, presença garantida no repertório das rodas de samba