O jornalista e crítico Carlos Calado, autor de A divina comédia dos Mutantes, realizou uma extensa pesquisa e inúmeras entrevistas para reconstituir a breve, mas extremamente rica, história do movimento musical conhecido como Tropicália. Entre 1967 e 1968, liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, e contando com nomes como Tom Zé, Gal Costa, Capinan, Nara Leão, Torquato Neto e os Mutantes, o grupo renovou a nossa então vetusta MPB, incorporando elementos os mais diversos como a antropofagia de Oswald de Andrade, o Cinema Novo, o concretismo dos irmãos Campos, a vanguarda erudita de Rogério Duprat e Júlio Medaglia, o psicodelismo dos Beatles e o dramalhão de Vicente Celestino. Tendo o nome inspirado em uma instalação de Hélio Oiticica, os festivais como palco e o LP coletivo Panis et circensis como manifesto, o movimento foi abatido em pleno voo pela ditadura com o AI-5, em dezembro de 1968, e a prisão e o exílio de Caetano e Gil.