Houve um varão de vida venerável, Bento, tanto pela graça quanto pelo nome, que desde a infância possuía um coração maduro. Superior, pelo seu modo de proceder, ao verdor da idade, a nenhuma volúpia entregou seu coração. E assim, enquanto se achava nesta terra, da qual por algum tempo pudera gozar livremente, desprezou, como já murchas, as flores do mundo.Oriúndo de nobre estirpe da província de Núrsia, fora encaminhado a Roma para o estudo das belas letras. Vendo, porém, muitos nesses estudosrolarem pelo despenhadeiro do vício, recolheu logo o pé que quase pusera no limiar do mundo, no temor de que, tocando algo da sua ciência, viesse também ele a despenhar-se por inteiro no tremendo abismo. Desprezando, pois, tais estudos, deixou a casae os bens paternos, e, no desejo de agradar somente a Deus, procurou o santo hábito do monaquismo. Retrocedeu, assim, doutamente ignorante e sabiamente insensato.