Defino o novo livro de Diego Pessi como o resultado equilibrado de um meritório trabalho de pesquisa. Em seus artigos, a esquemática do nexo social é refletida a partir de um profícuo diálogo com autores piramidais para o estudo da idealidade que está no âmago das ações humanas.Diego Pessi nos apresenta, lauda a lauda, em uma linguagem que procura explicitar didaticamente a sua desenvoltura filosófica, uma elogiável capacidade em estabelecer um vínculo entre a erudição e os objetos sociais examinados. Sua versatilidade, demonstrada no uso das sentenças de Eric Voegelin, Christopher Dawson e Mario Ferreira Dos Santos, comprova que o livro é muito mais que uma compilação acidental de artigos polêmicos. Imaginá-lo como um livro ideológico é ignorar o ecletismo de recortes temáticos que os artigos expõem. A despeito de suas especificidades, os textos possuem uma tentativa comum de examinar a estrutura da realidade segundo o problema real da experiência humana.Quanto ao estilo da escrita, oautor nos educa pelo desassombro. Neste livro não há meias sentenças. Tudo está dito. Não há margem para um desfile de verborragias jurídicas. Seus textos não têm delongas, mas têm diálogo social da primeira página até a última citação.Desde o seu primeiro ensaio, o "Em busca da ordem: corrupção do ciclo cultural divertissement e a sabedoria de Sancho Pança", o autor nos propõe o desafio de percebermos que há um sentido, normalmente ignorado, em muitas das atuais narrativas sociológicas. Fazerisso com a versatilidade apresentada é um feito que supera qualquer classificação política. Em dias de leitores sensíveis, haverá quem ache que o livro pretende ser apenas polêmico. Lamento por estes.Este livro não aborda apenas a evidência de que odebate jurídico precisa de uma restauração da sanidade. Trata-se de um esforço multidisciplinar no modo de refletir a esquemática social. Com um aprimorado olhar antropológico, nosso autor demonstra que a tradição histórica, a filosofia e a crítica literária são necessárias antessalas para qualquer análise criminal. Mais não direi, pois significaria privá-los de uma leitura realmente pessoal.- Thomas Giulliano