Uma morte enigmática, a pandemia, a ayahuasca. A paixão que queima sem iluminar. A geometria do desastre se desvela, dia a dia, em três vértices: círculos viciosos, triângulos amorosos e a quadratura do pensamento. O professor de filosofia Fábio Campbell percorre dez anos para elaborar seus medos, modular os sentimentos, combater a ira. Para decidir se resiste ou deixa-se levar pela corrente virtual que a todos dissolve, enquanto Cronos sussurra: "o mal cometido pelo sangue não se apaga no Tempo e em sangue será cobrado". "O medo é um campo arado e fértil onde as crenças e os vaticínios prosperam. Às vezes, por forças estranhas, tais vaticínios até se realizam.Desde remotas origens, a credulidade alimenta uma maldição. O mal cometido pelo sangue não se apaga no Tempo e em sangue será cobrado.Igual e infinito, o Tempo, nesta história, é subvertido. É fracionado em trechos, é embaralhado em passado e futuro, é secionado em breves intervalos que, em vez de confirmarem a sua divisibilidade, acabam por ressaltar a sua infinitude intangível. Fica a certeza de que as vidas (e as mortes), os fatos, as coisas é que transitam pelo Tempo imóvel.Porém, a maldição acompanha o sangue, e sobrevive nos subterrâneos das relações, nos socavões da baixa humanidade, onde a ganância, a vaidade, a traição e o desprezo exercitam seus punhais. E, se o tempo humano não existe, se o tempo é mera invenção dos relógios, dos calendários, da memória, então a maldição remota, distante, perdida no tempo, se realizará. Agora. Esta noite. Esta é a noite em que tudo começa." - por Roberto Schaan Ferreira