A CIDADE DAS AVES

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    • 1
      Autor
      ANDRADE, TEREZA Indisponível
    • 2
      Editora
      LAMPARINA EDITORA Indisponível
    • 3
      Páginas
      432 Indisponível
    • 4
      Edição
      1 - 2024 Indisponível
    • 5
      Ano
      2024 Indisponível
    • 6
      Origem
      NACIONAL Indisponível
    • 7
      Encadernação
      BROCHURA Indisponível
    • 8
      Dimensões
      14 x 21 x 2 Indisponível
    • 9
      ISBN
      9788583160618 Indisponível
    • 10
      Situação
      Disponível Indisponível
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O leitor há de notar que A cidade das aves é um livro pensado ao longo dos anos.Não é fruto do acaso e do improviso. Tereza monta um mosaico da memória que tem alcance crítico. Passa longe do ufanismo que acompanha toda a mitologia do progresso quepreside a formação e o crescimento do Estado de São Paulo, capital e cidades do interior.A cidade das aves foi escrito na contramão da história oficial e me faz lembrar Walter Benjamin, quando escreveu que a história deve ser contada do ponto de vista dos vencidos. É dos vencidos que o livro de Tereza trata. É das ruínas do progresso que esse livro nasce. A ocupação violenta e predatória de uma região do Oeste de São Paulo define-se do ponto de vista do livro - ao mesmo tempo geográfico, pessoal e familiar, histórico e social, cultural e humano. O Rio Paranapanema, o sítio do Taquaruçu, os sítios e os colonos, os kaingang, os imigrantes, a destruição da natureza e a clara intenção genocida de acabar com os índios, primeiros habitantes daterra, acossados desde o início da colonização portuguesa nos trópicos.A rigor, o primeiro vértice crítico é a relação do capitalismo que avança com a natureza e os índios. É sempre uma relação destrutiva, e Tereza sabe narrar os resultados negativos, ao mesmo tempo em que salva a memória do que foi destruído.É um ponto de vista bonito e melancólico, porque o que foi destruído não pode ser recuperado.O trabalho da memória em A cidade das aves, caminhando na contramão da mitologia do progresso de São Paulo, mantém viva a memória. Faz isso a seu modo, em busca de um tempo perdido, mirando com tristeza a terra devastada e os modos de vida deixados para trás.O contraponto crítico central é esse: a memória pessoal e familiar, as cenas da vida cotidiana de gente comum, a variedade e a beleza do mundo natural, os modos de vida e a cultura dos kaingang, os sítios e as pequenas propriedades, o rio, as águas, as aves, em oposição aos poderosos e proprietários, interessados em ocupar o território, montar fazendas, expulsar os índios, sufocar a sobrevivência dos pequenos sitiantes, deixando como resultado um rastro de restos e ruínas. O nome desse rastro de restos e ruínas - lembrando novamente Walter Benjamin - é progresso. André Bueno

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