É bastante conhecida a imagem de Johann Fichte como o filósofo da liberdade. De fato, é o próprio Fichte quem definirá sua filosofia como "a primeira filosofia da liberdade", chegando a dizer que a essência do saber é a liberdade. Mas o que entender desse pensamento? A maioria dos intérpretes verá nele a afirmação ideológica de uma visão moral de mundo, como se Fichte, querendo intervir na vida, acabasse fazendo uma filosofia da liberdade para justificar essa intervenção. Este trabalho procura mostrar que a doutrina da ciência não é uma moral e que a liberdade é elevada por ela à essência do saber não por capricho ideológico do indivíduo Fichte, mas porque ela é um operador essencialmente especulativo autorizado a resolver o problema filosófico por excelência da síntese entre pensamento e ser, isto é, o problema da validade objetiva de nossas representações.