A ideologia da vergonha e o clero do Brasil é um livro fundamental para leitores religiosos e não religiosos. William Castilho faz ver como os seminários podem correr o risco de transformar a formação clerical em "cavernas platônicas". Primeiro, o autor mostra as origens econômicas e socioculturais dos seminaristas. Depois, contrasta sua cultura familiar com as exigências da cultura atual. Finalmente, mostra o choque entre as duas e os efeitos dolorosos na formação dos religiosos. Aí reside a gênese da ideologia da vergonha em toda nudez e brutalidade. Ao procurarem fugir da vergonha das origens, os formandos se deixam fascinar pelo "consumo do sagrado": admiração por padres influenciadores digitais católicos ou por vestuário, adereços e outros sinais exteriores de prestígio e poder. É a caverna de Platão em sua versão narcísica.