A poesia enxuta e lírica de Paola Loreto se equilibra num pêndulo constante que por um lado investiga as alturas físicas e metafísicas das montanhas (a autora é alpinista e faz dessa atividade um modus vivendi que aguça seu olhar poético-filosófico)e, por outro lado, mergulha nos abismos afetivos e corporais, tentando revelar o claro-escuro dessa região ambígua e ainda desconhecida que é o corpo, quando habitado por paixões contrastantes e sentimentos amorosos. Entre esses dois polos que aludem a um movimento de ascensão e de queda se desenha, frágil e precária, às vezes quase onírica, a imagem esboçada de uma hipotética "casa", um lar, um lugar onde pousar, onde fazer o pão e ressignificar a linguagem, os objetos, o corpo, o sentimentoamoroso e a própria poesia, sugerindo uma pausa na consciência da travessia vertiginosa da existência.