Em A sangue quemte, Hermés Galvão passa um pente fino no estilo de vida carioca, retratando com humor afiado e sarcasmo as idiossincrasias de um povo que veio ao mundo a passeio.Das peruas, com seus trajes de academia que nunca pisaram numa esteira, aos velhos meninos do Rio, que ignoram o tempo e ainda desfilam pelo calçadão como uns garotões. Das socialites, estacionadas em algum lugar entre 1984 e o fim do champagne, aos atores, com seus projetos inenarráveis à espera de um teste do sofá.E, claro, os gurus, que até outro dia eram mais "MD" do que namastê.A alma da cidade inevitavelmente surge numa escrita que é a cara do Rio: leve, debochada e cheia de "marra".