Rodrigo Petronio escolheu uma forma generosa de pensar um desenvolvimento da filosofia do processo, articulando-a à noção de mesologia. E parte dessa generosidade é a leveza. A outra parte, certamente, é o abismo. É que o abismo é uma micro experiência. Talvez a mais compartilhada de todas. Ele está no hiato entre as perguntas e as respostas, na pré-história das motivações - além de morar no andar de baixo de toda fundamentação sólida. Todo mundo passa pela porta entreaberta do porão sob os alicerces. Petronio mesmo quase conclui o texto com uma longa hesitação - quase, eu disse. É que o abismo, mesmo distante, está ao alcance de todo mundo porque está por um triz. A espectrologia é apenas a ponta de iceberg pois o acosso é parente do pensamento que, por sua vez, é como o céu de noite, escreveu uma vez Dieter Roos: dele vemos as estrelas mas o espaço entre elas permanece no escuro.