Preso aos quatro anos de idade com a mãe no Dops de Minas Gerais, Eduardo Soares Neves Silva cresceu e se tornou filósofo e professor. Décadas depois, ao narrar sua trajetória em uma entrevista, produziu uma literatura de testemunho em que fragmentos de memória são ressignificados. Neste livro, a historiadora Miriam Hermeto recupera esse encontro de forma engenhosa e incomum, inscrevendo a fala de Eduardo no debate público sobre a ditadura militar brasileira. O texto combina análise crítica e experiência subjetiva, refletindo sobre a escuta como prática ética e sobre os impasses da democracia em lidar com seu passado autoritário. No diálogo com seu interlocutor, Hermeto ilumina a experiência de crianças vitimadas pela repressão e desafia consensos consolidados sobre a memória da ditadura.