Quem convive com animais decerto já tentou imaginar o que eles sentem ou pensam. Se você fez isso, saiba que não está só.Na literatura ocidental, não foram poucos os escritores que atribuíram emoções e pensamentos aos animais. O registro mais antigo remonta à Odisseia de Homero, em que o cão Argos reconhece Ulisses após vinte anos e só então morre diante do herói. Alguns contemporâneos foram mais além: conferiram voz particular e espaço narrativo a seres não humanos. Um exemplo recente é Yoko Tawada, que buscou ocupar a interioridade de ursos-polares para depois "traduzi-la" em linguagem humana.No extenso intervalo entre esses dois autores, outros escritores ousaram dar protagonismo a animais a fim de abordar questões não humanas num mundo dominado por humanos, como Virginia Woolf e Franz Kafka. E, na literatura brasileira, temos Graciliano Ramos, com a cachorra Baleia, de Vidas secas, e Machado de Assis, cujo personagem canino Quincas Borba se confunde com o humano homônimo no romance de mesmo nome, além de Guimarães Rosa, Drummond e Clarice, com suas obras que trazem bois, cavalos, búfalos e baratas como personagens.Maria Esther Maciel, uma das maiores autoridades no tema, além de escritora que transita entre ficção e não ficção, retoma a relação entre literatura e animalidade nesta abrangente análise de obras clássicas e contemporâneas, nacionais e estrangeiras, com o intuito de ampliar as reflexões sobre a questão dos animais e lançar luz sobre nossa interação com eles, sem deixar de enfatizar poéticas e políticas da natureza do século XXI.MOTIVOS PARA LER ESTE LIVRO1. Além de transitar entre a ficção e a não ficção, a escritora, professora e pesquisadora Maria Esther Maciel é uma das maiores autoridades, no Brasil e no mundo, na relação entre literatura e animalidade. Seu intuito nesse livro é ampliar as reflexões sobre a questão dos animais e lançar luz sobre nossa interação com eles..2. Segundo a autora, o registro mais antigo de um personagem animal na literatura ocidental remonta à Odisseia de Homero, em que o cão Argos é o único a reconhecer Ulisses após vinte anos. Sua análise sobre esse trecho do poema épico é fabulosa..3. Alguns escritores contemporâneos, no entanto, foram mais além: conferiram aos animais voz particular e espaço narrativo, como é o caso de Yoko Tawada em Memórias de um urso-polar, obra bastante comentada no livro.4. Virginia Woolf, Franz Kafka, Milan Kundera, Paul Auster e J. M. Coetzee são outro