Com cenas por vezes líricas e comoventes e outras divertidas, em potente e imagética prosa na primeira pessoa, no decorrer da narrativa situações triviais e reminiscências vão se descortinando ao ponto do narrador se ver enredado por acontecimentos de que, talvez, não possa assumir o controle.Tendo como pano de fundo uma cidade de porte médio do interior, o estado de São Paulo transpassado por rodovias, pelo rio Tietê de sudeste a noroeste e ainda pelas linhas de alta-tensão que, ao emergir das barragens, seguem suportadas por torres de aço ao longo dos campos, Augusto Fiorin engendra questões acerca de relacionamentos, amor, luto, amizade, traição, criação de filhos, novas tecnologias e espiritualidades, além de tatear à procura do horizonte de eventos, limiar que, após ultrapassado, nos abandona à impossibilidade de voltar atrás em nossas escolhas.