Estamos diante de um livro que pretende contemplar três desafios: falar da psicose através das fronteiras que lhe são próprias, apresentar a noção de espaço que se atualiza nas diferentes relações com outros, e mostrar as extensões dessas elaborações no laço social de nossa época.Ao reunir esse conjunto de textos recobre-se um vasto campo de questões da prática e teorização com sujeitos psicóticos. Questões que se iniciam com a retomada da paranoia na tradição psiquiátrica, avançando até uma análise rigorosa do Unabomber, com quem o autor trocou três cartas desde a prisão em Montana, nos EUA. Privilegia, ainda, as condições aqui formuladas, para que o psicanalista e o psiquiatra possam estar à altura da responsabilidade ética que é comum a cada um deles. Por isso mesmo, não irá se furtar em apresentar o que a sua prática de apresentação de pacientes em hospitais psiquiátricos contribui para fazer avançar a clínica.A ligação com os conflitos de nosso momento histórico evidencia que a paranoia vai além dos lugares onde é habitualmente encerrada, mostrando, como Freud havia afirmado, a ligação do individual com o coletivo.