Antes, porém que eu comece a escrever das palavras do Senhor, parece-me de utilidade dizer alguma coisa a respeito da cruz, que foi o púlpito daquele Pregador, o altar daquele sacrificador, o estádio daquele Combatente, e a oficina daquele operador de milagres....Dão aquelas palavras a entender, primeiramente, os atributos de Deus: na altura, o seu poder; na profundidade, a sua sabedoria; na largura, a sua bondade; no comprimento, a sua eternidade. Em segundo lugar, as virtudes de Cristo nos tormentos: na largura, a sua caridade; no comprimento, a sua resignação; na altura, a sua obediência; na profundidade, a sua humildade. E finalmente as virtudes neste tempo necessárias para conseguir a salvação por Cristo: na profundidade da cruz, a fé; na sua altura, a esperança; na sua largura, a caridade; no seu comprimento, a perseverança. Disto entendemos que só a caridade, que é chamada a Rainha das virtudes, em todos tem lugar, em Deus, em Cristo, e em nós; e, que das outras virtudes pertencem umas a Deus, outras a Cristo, outras a nós.