Este ensaio é fruto de três inquietações. A primeira tem a ver com uma questão de fundo cultural: qual o sentido de urgência da contracultura no Brasil ao pensarmos em estados de suspensão, esses que insistem em desaparecer e, depois, voltar. A segunda tem a ver com o curso da arte. Quatro canções da música popular brasileira ("Vapor Barato", "Movimento dos Barcos", "O Bêbado e a Equilibrista" e "Cajuína") se estabelecem como fio condutor para demarcarmos tempos e espaços em que a contracultura se manifesta nos anos 1970, no contexto social da vida nacional. A terceira é de ordem pessoal, da educação sentimental, à luz de um exercício próprio da reflexão ensaística. No aprumo dessas três inquietações, ao falar de crítica cultural, nosso percurso textual pretende também vislumbrar possibilidades de futuro, a partir da evocação das canções e da recomposição de cacos do erro temporal.