Frotas de Pedro Álvares Cabral fundearam em nossas costas talvez por acidente. Nesse sentido, desde a origem, temos algo de contingentes - poderíamos simplesmente não ter existido como país e nação se os fatos históricos fossem um pouco diferentes.Poderíamos ser colonizados por outro Estado, ter outra língua, viver outro rumo nos acontecimentos. Temos, portanto, uma consciência maior da transitoriedade, da aleatoriedade e da provisoriedade das coisas. Muito mais do que os demais países cujos habitantes ainda não conseguem prescindir das ilusórias verdades fixas para viver.Este é um livro sobre o Brasil, sobre os brasileiros, sobre a nossa história, a nossa política, nossa cultura, os nossos interesses, enfim, sobre a nossa vida.E falar sobre um país é falar sobre sua gente. Falar sobre pessoas é tentar abordar a humanidade. E, para chegar às pessoas, temos que abranger todo o universo a partir do nosso quintal.É um livro contado a partir de muitas perspectivas, muitos autores, de formações inversas e até mesmo divergentes, de lugares diferentes e distantes, buscando dar ênfase nas chaves da filosofia e do jornalismo.Como explicar um país? Cada um dos seus habitantes tem sua própria vida que se distingue das outras. Personalidades que ficaram para a história podem ser vistas por diversos ângulos, por julgamentos que variam por meio das ferramentas e moralidades de cada época. Grandes heróis podem se transformar em vilões e o contrário. A cada geração precisamos destruir as estátuas antigas e construir as novas que um dia poderão ser destruídas. É árduo tentar abarcar um país com a consciência de que não existem fundamentos sólidos e inquestionáveis para nada - e o Brasil é ainda singular nessa provisoriedade das coisas.