Depois de Brimos: imigração sírio-libanesa no Brasil e seu caminho até a política (Fósforo, 2021), o jornalista e historiador Diogo Bercito volta a se debruçar sobre as influências árabes em nossa cultura. O foco, agora, são os temperos, pratos e gestos da comunidade árabe-brasileira e o papel central da comida na preservação da identidade na diáspora que fincou suas raízes no Brasil.Em Brimos à mesa, Bercito - um dos principais especialistas em história e cultura árabe no país - lança mão do que os pesquisadores estadunidenses chamam de foodways, palavra que abarca a antropologia, a história e a sociologia da comida, para mergulhar nas maneiras de fazer as coisas e, por isso, em modos de existir.A partir de extensa pesquisa histórica e entrevistas, ele dá conta de narrar não apenas a trajetória que fez da esfiha um dos quitutes mais populares do Brasil, mas também como as diferenças de paladar e a oferta de insumos no país tropical influenciaram os hábitos e os preparos, modificando receitas tradicionais como quibe, coalhada, charutinho de uva, salada fatouche e até o pão.São muitos os ingredientes que povoam o livro e fazem dele uma história saborosa e repleta de casos anedóticos. Dos primeiros comércios de quitutes na região da rua 25 de Março, em São Paulo, e na rua da Alfândega, no Rio de Janeiro, às famílias por trás dos restaurantes Almanara, Arábia, Halim, Folha de Uva, entre outros, sem esquecer do fenômeno Habib's, Bercito reconstrói a dimensão da culinária árabe em nossas terras.Ao final, os leitores já com água na boca encontram um breve receituário para se aventurar na cozinha e fazer dessa tradição milenar algo também próprio. Com sua linguagem direta e acessível, Bercito mostra que "árabe-brasileiro" não é só adjetivo pátrio, mas também uma cultura gastronômica bastante popular entre nós.