A saga de Antônio Conselheiro, líder carismático cearense que se tornou protagonista de um drama que talvez caísse no esquecimento não fosse a denúncia feita pelo escritor e jornalista Euclides da Cunha na obra-prima Os sertões, foi publicada em 1902, cinco anos após o massacre da comunidade de Canudos. A epopeia de Conselheiro e da massa de excluídos vítima do poder instituído, no entanto, não foi abordada unicamente pela literatura dita canônica. Na literatura de cordel, gênero poético que se desenvolveu principalmente, no Nordeste a partir do século XIX, são muitas as obras que interpretam, de forma peculiar o episódio, a ponto de constituir um ciclo. Nessa tradição se insere Canudos e a saga de Antônio Conselheiro, do cordelista cearense Moreira de Acopiara, mais um lançamento com o selo da Duna Dueto. Moreira, autor de Cordel em arte e versos, Medo? Eu hem? e A natureza agredida Pede pra ser respeitada, acompanha os passos de Antônio Conselheiro, desde a infância no sertão cearense até o palco onde se desenrolou o drama que Euclides da Cunha descreveu magistralmente em A luta, terceira parte de Os sertões.