A peça Como se fosse um crime, de Ângela Carneiro, tem dois personagens que são nossos velhos conhecidos, pra não dizer que poderiam ser nós mesmos, nos seus desejos, nas suas contradições e na maneira fiel aos sentimentos com que encaram a vida. É sempre possível ler essa peça que trata de uma experiência de adultério e das transformações pelas quais os dois amantes vão passando desde o ardor inicial à hostilidade final diversas vezes e motivado por circunstâncias variadas. A cada leitura, porém, é possível perceber a mesma familiaridade com seus protagonistas, uma mulher e um homem que se amam, que se procuram, que assumem a clandestinidade de seus afetos ainda que o que sentem um pelo outro possa ser considerado/julgado como se fosse um crime.