"Portanto, a brutalização do sistema penal recai efetivamente sobre as parcelas da população que não lograram internalizar o habitus primário (domínio da razão sobre as emoções, cálculo prospectivo, autorresponsabilidade), já que, a partir de consensos opacos e pré-reflexivos, deixa-se entrever que esses atores sociais não são dotados do mesmo reconhecimento social. Se a dignidade pressupõe um reconhecimento universal entre iguais, é óbvio que um sistema penal que criminaliza massivamente semprea mesma extração social está condicionado por estes consensos morais opacos."