A vida do senhor Cónego José da Costa Ferreira, também conhecido por padre José Ferreira ou mais familiarmente por padre Zé, cedo começou a orientar-se para aquele que viria a ser o seu mais fecundo campo de trabalho ao serviço da Liturgia em Portugal: a mistagogia da celebração eucarística.O livro cuja apresentação me foi pedida pelo Secretariado Nacional de Liturgia é uma prova clara da excelente reflexão por ele produzida sobre este tema, para o qual o foram preparando, silenciosa e delicadamente, o Senhor e as pessoas cujos nomes sempre guardou no coração.Em primeiro lugar os seus pais. Quantas vezes o ouvi contar: «Foi pelos olhos de minha mãe que, antes de nascer, vi o milagre do Sol». E explicava como fizera a sua primeira peregrinação a Fátima, ainda escondido no ventre de sua mãe, Maria da Costa, na peregrinação de 13 de Outubro de 1917, o dia em que o Sol dançou.Sete meses depois, a 29 de Maio de 1918, em Vargos, nascia o menino, a quem os pais, chegado o tempo oportuno, ensinaram a ler, a escrever e a rezar. Com que ternura o pai era sempre recordado, como aquele que lhe ensinara a pôr as mãos!Concluídos os anos da escola primária, na sua terra natal, ei-lo a caminho do Seminário Patriarcal de Santarém, onde criou hábitos de estudo e de reflexão à medida que os anos passavam.A entrada do jovem seminarista no Seminário Maior dos Olivais foi para si um deslumbramento. Principalmente depois de encontrar em Mons. Pereira dos Reis, primeiro Reitor da instituição, o mestre ímpar, o amigo do coração, o pedagogo que chegava no tempo certo. Dele se tornou, desde a primeira hora, o discípulo predilecto, e dele viria a ser o herdeiro mais fiel na sensibilidade e na cultura, e o continuador esclarecido que melhor soube captar e dar seguimento a um pensamento humanista e litúrgico, rico e avançado no tempo.Quem conheceu o padre José Ferreira bem pode testemunhar a admiração e o afecto inexcedíveis com que, nas suas conversas, sempre se referia a Mons. Pereira dos Reis. O derradeiro testemunho encontramo-lo na dedicatória aos pais e a Monsenhor da colectânea dos seus escritos litúrgicos, onde escreveu estas sentidas palavras: À memória de... Mons. Cón. Dr. José Manuel Pereira dos Reis que me ensinou acontemplar o mistério de Cristo e da Igreja na celebração da liturgia.E que bom foi, para a liturgia em Portugal, que tal tivesse acontecido. A semente litúrgica, lançada em terra tão fecunda, não tardou a produzir fruto abundante. Acarinhá-la, cul