Este livro pode ser lido simultaneamente como um retrato pungente de nossas iniquidades e o reconhecimento da condição de sujeitos de direito a grupos muitas vezes reduzidos à condição de vulnerabilidade. Da exposição sem filtros das dores do presente molda-se um pacto destinado a preservar e consolidar a dignidade humana e as liberdades, ou seja, os direitos humanos.Os 21 ensaios que compõem este "Direitos Humanos e Saúde: refletindo sobre as dores e esperanças" apresentam diversidade na forma, no conteúdo, no propósito, nos temas de reflexão e em seus efeitos, mas unidade em torno de um desafio fundamental: mostrar a intersecção entre saúde e direitos humanos, um binômio multidisciplinar segundo o qual a saúde é vista como instrumento de dignidade humana e transformação social. Essa unidade revela também muito do percurso do Departamento de Direitos Humanos e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), cujo trabalho acompanho desde suas origens.A obra organizada pelos meus colegas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Maria Helena Barros de Oliveira, Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos e Marcos Besserman Vianna, e escritos por quase 30 autoras e autores, reúne múltiplas experiências teóricas e práticas.Que este livro inspire, provoque, confronte e, sobretudo, reforce em nós este modo ampliado e interdependente de ver a saúde, a Justiça e os direitos. Pois só assim é possível imaginar um futuro no qual o medo e a dor sejam superados pela esperança e pela vida, e que as barreiras da desigualdade e da indignidade sejam superadas pela transformação social. Com ciência e com saúde. - do Prefácio, de Nísia Verônica Trindade Lima Pesquisadora da Fundação Oswaldo CruzMinistra da Saúde do Brasil