Novo volume da coleção Marx-Engels, Entrevistas, reúne entrevistas e relatos que mostram Karl Marx e Friedrich Engels em diálogo com jornalistas, militantes, intelectuais e figuras políticas do século XIX.As raras entrevistas que ambos concederam ao longo de suas vidas compõem a primeira parte do livro e revelam o pensamento vivo e contextualizado dos autores. Nelas, são abordados aspectos decisivos para a organização dos trabalhadores: o primado das lutas concretas, o horizonte estratégico, a autonomia do movimento, a recusa ao dogmatismo e ao culto à personalidade, as leituras da conjuntura política da época, o ascenso do movimento de trabalhadores em fins do século XIX, etc.Na segunda parte, os relatos de encontros políticos evidenciam a influência teórica e prática de Marx e Engels, bem como seu esforço, sempre a quente, de captar as particularidades de cada contexto nacional. Divergências políticas e teóricas, interpretações da conjuntura, a erudição de ambos e até elementos de suas personalidades emergem aqui filtrados pelo olhar daqueles que conviveram e debateram com eles. Conversas cedidas ao The World (1871), ao Chicago Tribune (1878), ao New Yorker Volkszeitung (1888) e ao Le Figaro (1893), entre outras, ganham, pela primeira vez, tradução direta do alemão. Organizado por Murillo van der Laan, o livro terá texto de orelha do historiador Lincoln Secco, tradução de Nélio Schneider e, na capa, ilustração inédita de Cassio Loredano. Trecho R. Landor [Entrevistador] - A Europa dificilmente poderá fazer outra coisa, visto que todo jornal francês divulga esse relato. Marx - Todo jornal francês! Veja, aqui está um deles [ele pega o jornal La Situation]; julgue por si mesmo o valor de sua evidência factual. [Ele lê:] "Dr. Karl Marx, da Internacional, foi preso na Bélgica tentando chegar à França. A polícia de Londres há muito está de olho na associação à qual ele está ligado e agora está tomando medidas para sua supressão". Duas frases e duas mentiras. Você pode testar a verdade de uma história pela evidência dos seus sentidos. Você pode ver que, em vez de estar aprisionado na Bélgica, estou em casa na Inglaterra. Você também deve saber que, na Inglaterra, a polícia não tem poderes de intervir na Associação Internacional, do mesmo modo que a Associação não tem poderes de intervir nela. Contudo, o mais normal em tudo isso é que o relato circulará pela imprensa continental sem nada que o contradiga, e isso continuaria assim, mesmo