Mais uma vez, chegamos num momento crítico da História. Isso não é um fato inédito, pois a tragédia da existência humana teima em alcançar patamares avassaladores. O cotidiano foi tomado por noticiários denunciadores de guerras, rumores de guerras, pestes, crises sociais e econômicas de todo o gênero, acompanhadas de frustrações com promessas catárticas de reconstrução da realidade. Tempo em que heróis apresentados às pressas à parte da população mundial em busca de salvadores da pátria da última hora, não resistem o teste e, de súbito, se tornam reféns do próprio embuste. Neste cenário mundial em que a vida se arrasta, no pêndulo entre a ausência absoluta e o excesso de esperança, a escatologia tornou-se tema bastante discutido nocotidiano acadêmico, eclesiástico e social em geral. Mas, não para por aí. Também há uma discussão de fundo escatológico em cenários não religiosos, em que antigas doutrinas são resgatadas para a tentativa de apresentação de respostas às mazelas daexistência dos desejos humanos. Para a evolução das ideias orientadores deste livro, para a discussão e apresentação da afinidade escatológica do pensamento marxista, a pesquisa desenvolveu-se considerando as fontes primárias dos bastiões domarxismo. Evitamos, naturalmente, generalizações e valorização de simplificações. Neste sentido, foram priorizadas as obras de Marx e Engels, pois são nelas que a robustez argumentativa e a fluidez das ideias são encontradas em essência. Alertamos ao leitor que este trabalho não contempla a crítica pela crítica, na medida em que reconhece que o pensamento marxista não é simplista e merece bastante atenção de seus críticos, notadamente os cristãos que, por vezes, tentam enfrenta-lo sem conheceros seus contornos. Criticar ou comentar o que não se conhece, seja para defender trata-se de tarefa temerária e infrutífera.