A formação econômico-social brasileira é o assunto central da obra do sociólogo Antonio Carlos Mazzeo. Em nova edição, revista e ampliada, Estado e burguesia no Brasil traça um amplo panorama do tema, desde a colonização até o fim do século XX. O autor dialoga com prestigiados estudiosos da história brasileira, como Caio Prado Jr. e Florestan Fernandes, fornecendo uma síntese para compreender as raízes contemporâneas do Brasil. Ao longo do livro, aborda a transição do feudalismo ao capitalismo na Europa e faz uma análise do capitalismo na América, do reformismo conservador no Brasil e de questões acerca do Estado nacional e seu desenvolvimento. José Paulo Netto escreve na apresentação que Estado e burguesia no Brasil expõe "um breve trato teórico-categorial de instrumentos heurísticos do marxismo e uma arguta polêmica com estudiosos qualificados da dinâmica capitalista na conjuntura de sua gênese como sistema mundializado, com o foco na articulação das emergentes sociedades americanas e brasileira àquela dinâmica". Trecho "A instituição do regime monárquico no Brasil acontece, como sabemos, na segunda década do século XIX, quando em outros países da América já se conheciam as dificuldades dos oligarcas em manter o poder político dentro de um processo de revolução ou comoção social. A chamada "crise da Independência", vivida no continente, tem seu ponto de descenso exatamente na metade dos anos vinte daquele século. As ''''revoluções'''' desencadeadas em toda a América davam, para a burguesia agrária do Brasil, um largo quadro dos ''''perigos'''' que poderiam advir de um processo comocionado em que o controle político tornava-se muito duvidoso. Além disso, ficava evidente para a ''''aristocrática'''' burguesia brasileira a enorme possibilidade do fracionamento do território nacional caso se desencadeasse, no Brasil, algo semelhante às lutas intestinas que desintegraram a América hispânica. Toda a condução política da luta contra Portugal sempre foi realizada, então, na perspectiva dessa burguesia, cautelosa e ciente da necessidade de ter as rédeas do processo em mãos, na medida em que o elemento fundamental era a preservação da estrutura econômica colonial do país e de suas relações sociais."