Nós nos encontramos em uma fase de mudança de cultura nas artes comparável, em sua extensão e profundidade, à transição que ocorreu entre o final do século XVIII e meados do XIX. O processo decisivo dos últimos anos no universo das artes é a formação de uma cultura diferente da moderna e de seus fundamentos pós-modernos. Um sinal particularmente eloquente desse processo é a proliferação de iniciativas de artistas destinadas a facilitar a participação de grandes grupos de pessoas muito diferentes em projetos nos quais se associa a realização de ficções ou de imagens com a ocupação de espaços locais e a exploração de formas experimentais de socialização. Estamos diante de novas ecologias culturais.Esses projetos articulam ideias e instituições, imaginários e práticas, modos de vida e objetos, novas formas de intercâmbio e demais processos que a tradição imediata não permitia antecipar. Estética de emergência apresenta elementos para uma leitura dessa reorientação das artes; dessa transição no curso da qual um número crescente de artistas reage ao evidente esgotamento do paradigma moderno.A partir da descrição e da análise de algumas dessas experiências, Reinaldo Laddaga propõe um inventário dessa nova cultura e a vincula a processos mais vastos de modificação das formas de ativismo político, produção econômica e investigação científica que definem, em sua novidade, o presente.