A partir da definição de "política" como "arte de operar coletivos", Beatriz Perrone-Moisés propõe neste ensaio que "festa" e "guerra" são o par conceitual fundamental da filosofia política dos povos nativos da América. O primeiro termo abarca movimentos de conjunção; o segundo, de oposição. Mas o sentido de ambos e suas relações se afastam bastante do que poderíamos supor a partir da tradição ocidental. Exemplos de norte a sul do continente, registrados desde o início da invasão europeia e vivos no século XXI, apresentam uma ética relacional nativa radicalmente diferente da nossa, operando numa rede que interliga todos os seres do mundo, da qual os humanos são mera parte.