Obra central do filósofo Rudolf Steiner - mais conhecido como criador da Antroposofia e da Pedagogia Waldorf -, A Filosofia da Liberdade condensa e arremata as inquietações filosóficas que acompanharam o autor desde a infância. Não contava o garoto ainda 9 anos de idade, e já se via atormentado por dúvidas existenciais inteiramente desproporcionais à sua criação humilde e ao ambiente provinciano em que crescera - dúvidas que já então ele experimentava, "premonitoriamente", sob a rubrica dos limites do conhecimento (princípio epistemológico consagrado por Kant com o qual Steiner se familiarizará por volta dos 14 anos). Pondo em xeque os pressupostos materialistas que fundamentam as noções filosóficas amplamente disseminadas da "representaçãomental" e dos "limites do conhecimento", Steiner empreenderá na primeira parte da obra uma minuciosa "observação pensante" do processo cognitivo humano, culminando na reabilitação do pensar não abstrato e especulativo, mas intuitivo, como instrumento de um conhecimento autêntico e universal do mundo; e evidenciando, na segunda parte, como a compreensão do significado do conhecimento, liberta de seus preconceitos atávicos, abre ao mesmo tempo caminho à compreensão de uma liberdade genuinamente vivenciada; uma liberdade que reconcilia o ser humano com limites não mais incondicionais, mas circunstanciais, e que ressignifica seu papel como cocriador de uma realidade que dá continuidade à atividade criadora da natureza e a transcende, sem contudo deixar jamais de a ela pertencer.