Floresta na boca é um mergulho na cultura alimentar amazônica e na sociobiodiversidade da região. Idealizado por Bel Coelho, chef dos restaurantes paulistanos Clandestina e Cuia, e pela ilustradora e diretora de arte Marina Aranha, o livro é o resultado de uma expedição realizada no início de 2025 pelo Pará que culminou em uma extensa pesquisa sobre os diferentes biomas brasileiros.Com foco em três áreas demarcadas pelos grandes rios que as banham - Baixo Tocantins, Xingu e Tapajós -, a equipe do projeto entrevistou e fotografou moradores de comunidades extrativistas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas cujos relatos acerca da relação com os ingredientes locais e a comida compõem um retrato bastante elucidativo da vida em um bioma de importância fundamental para o Brasil e para o planeta.Além dos textos sobre as regiões e das entrevistas, Floresta na boca traz receitas tradicionais, algumas com o toque contemporâneo de Coelho, e informações extras sobre os principais ingredientes amazônicos como a mandioca, a castanha-do-brasil, o açaí e o cacau, símbolos da região e fonte de soberania alimentar.Com apoio do Instituto Arapyaú, prefácio de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e introdução do ecólogo Jerônimo Villas-Bôas, o livro chega ao mercado em edição bilíngue a ser lançada durante a cop-30, em Belém. No espírito da conferência, a obra reafirma como a agricultura familiar e os sistemas agroflorestais, mantidos com saberes ancestrais, resistem à pressão da monocultura, da grilagem de terras e das mudanças climáticas.Histórias de vida e práticas coletivas em casas de farinha comunitárias, feiras de sementes, cooperativas agroextrativistas, redes de cantinas e projetos de bioeconomia, entre outras, demonstram a autonomia das comunidades locais e reforçam a ideia de que preservar é também garantir memória, saúde e pertencimento. Ao mostrar que não há futuro sem floresta - e não há floresta sem gente -, o livro se torna um manifesto poético e político pela vida, convidando à reflexão e à ação.