As poesias que compõem a presente obra são em si mesmas gestos que buscam, de modo apaixonado, capturar, expor e apresentar o que não se deixa apreender - o absurdo do instante de ser. A linguagem poética - linguagem margeando os próprios limites - anuncia-se como uma forma possível de mediação como gesto de imediação da existência e acena para sentidos ocultos que escapam à métrica significante. Em um mundo marcado pelo positivismo absoluto e incapaz de ceder espaço à negatividade da ausência,a poesia se apresenta como a linguagem capaz de, em não oferecendo nenhuma explicação e resistindo ao solapamento do nada como fonte originária, alcançar a liberdade que se articula no puro poder ser do instante que simplesmente e puramente é. A poesia é um gesto que captura o instante. ***Tudo é meu enquanto olho E o resto? É história arredondada Uma piscadela Já foi E contra isso nada pode a vontade ***