**Em Graciliano Ramos: a melancolia e as ironias da memória, Ana Maria Abrahão dos Santos Oliveira analisa os livros Infância (1945) e Memórias do cárcere (1953), do escritor alagoano Graciliano Ramos (1892-1953). A obra da autora possui, como fio condutor, o estudo da construção do discurso irônico que atua como mecanismo de defesa contra os influxos melancólicos presentes na escrita do Velho Graça. O fazer literário de Graciliano Ramos está estritamente ligado à experiência e ao testemunhodo autor que, ao escrever suas memórias - sobre o período em que esteve no cárcere e sobre suas vivências na infância, - vale-se de um processo constante de autoquestionamento e de questionamento dos valores da sociedade e da própria literatura paraconstruir uma escrita irônica com traços melancólicos, de acordo com a leitura da autora sobre os estudos freudianos acerca da melancolia. A obra de Graciliano Ramos não atrai o leitor apenas por seu caráter histórico, mas, sobretudo pelo testemunholiterário singular de um autor cujo estilo irônico e conciso extrai do cotidiano as insignificâncias, as miudezas, os fragmentos de pessoas e de fatos com os quais representa a matéria de sua experiência. ***Este livro é um Acontecimento! Gerado com todas as ironias e as melancolias próprias dos grandes acontecimentos, e presentes na vida/obra - e memória - do Velho Graça, desde a sua infância. Vida/obra e memória tão bem respeitadas, "compreendidas" e "frequentadas", neste importantelivro construído pela potentíssima professora, pesquisadora e escritora Ana Maria Abrahão do Santos Oliveira. Daí que este livro seja uma celebração, não só ao Graciliano e à Ana, mas aos enfrentamentos necessários e às resistências, - que atravessam essas duas pessoas e suas obras - que são feitas com memórias, melancolias, ironias (e alegrias)! Heiberle Hirsgberg Horácio -Professor do Departamento de Filosofia edo curso de Ciências da Religião daUniversidade Estadual de Montes Claros (MG).