O vivo interesse por trabalhos biográfiicos - refletindo-se numa pluralidade de públicos, leitores e audiência - talvez exceda a simples lógica de mercado ou os apelos que certos personagens notáveis parecem exercer. Visitado por prof ifissionais de inúmeras áreas, o campo da escrita biográfica é certamente um palco privilegiado de experimentação para o historiador, colocado em meio à tensão entre o aspecto científico e o aspecto literário deste gênero. Quando constroem biografias, os historiadores devem estar atentos aos perigos de formatar seus personagens e de induzir o leitor à expectativa ingênua de que ele está sendo apresentado a uma vida marcada por regularidades, repetições e permanências. A narrativa biográfica é uma modalidade de escrita da história profundamente imbricada nas subjetividades, nos afetos, nos modos de ver, perceber e sentir o outro.