Este livro traça os caminhos, cruzados em diversos sentidos há já vinte anos, da ciência biológica, da medicina da procriação e da reflexão bioética. Pretende distinguir os verdadeiros avanços das falsas revoluções técnicas e os princípios morais autênticos das hipócritas resoluções éticas. A biologia da procriação, uma ciência ainda em atraso por ser considerada tabu, acaba de transpor alegremente o tempo dos conhecimentos, beneficiando das conquistas das disciplinas vizinhas, e até mesmo ao ocupar o lugar de medicina, agindo antes de obter os conhecimentos. A produção de seres humanos de aceitação provável parece adequar-se bem ao desejo paternal, ao projecto médico, às necessidades do mercado e à boa gestão das sociedades. Resistir é tentar tornar a ética menos solúvel no tempo, de modo a diluir a violência desta mutação.