O livro de Carlos Montaño trabalha numa trincheira ideológica de suma importância para a esquerda, mexendo no nervo central da luta pela emancipação da classe trabalhadora na atualidade. O rigor intelectual e a fundamentação teórica apurada marcam otexto do autor no enfrentamento de um tema polêmico e, acima de tudo, necessário.Tratando de uma das principais dimensões do irracionalismo contemporâneo, a crítica geral do autor concentra-se na pós-modernidade, detalhando as diferenças entre identidade e sua transmutação em identitarismo, o segundo correspondendo a uma redução, fragmentação (e isolamento) da identidade e diminuindo - ou, na maioria das vezes, anulando - sua importância e articulação para as lutas de classes.O livro contribui decisivamente para esse movimento crítico, consolidando uma análise na contracorrente da "lógica" pós-moderna e compõe uma (ainda insuficiente) safra de trabalhos que optam por um combate ao irracionalismo contemporâneo, ao invés de somar-se a autores que privilegiam construir obras com uma adesão acrítica ao movimento hegemônico pós-moderno, propagado nas esquerdas há, no mínimo, cinco décadas.Dividido em duas partes, o livro anuncia no próprio título sua hipótese principal: articular lutas de classes e lutas antiopressivas, por meio de uma análise crítica: as lutas de classes trazendo a discussão sobre a exploração na sociedade capitalista, e a identidade fundamentando o debate sobre as opressões, no sentido de lutas que têm sua particularidade, mas não podem deixar de ser consideradas no contexto da classe social.