Em "Lukács e a reprodução social: escólio a partir de ´Para uma ontologia do ser social´", o autor busca tratar do esforço do filósofo György Lukács em repor a mediação no entendimento da dinâmica social. Disposto a eliminar a simplificação reducionista que iria caracterizar as abordagens stalinistas, bem como a crítica sociológica que atribuía ao pensamento marxiano o princípio de mecanicista, Lukács repõe o momento da mediação na dinâmica da reprodução social ao explicar, p. ex., o papel domomento predominante na interação entre complexos sociais parciais. Ao asseverar que os enunciados de Marx dizem respeito ao ser enquanto ser (logo, são ontológicos), ele explica que a economia se constitui como momento predominante da reprodução social porque a reprodução ontogenética do indivíduo singular pressupõe em tudo a reprodução filogenética. Da mesma forma, a totalidade social, por exigir que complexos parciais mediadores para funcionarem em termos ótimos ganhem relativa autonomia, termina por exercer sobre esses últimos o papel de momento predominante na interação. Tal abordagem lança luz sobre as análises que intentam examinar esferas parciais do ser social prescindindo da totalidade (ou não as articulam da forma correta), assimcomo afasta todo enrijecimento de análise comum a toda forma de vulgarização - seja nas ciências sociais, seja no interior da própria tradição marxista.