Na primeira vez que li o texto de Ercilene Maria de Souza Vita, chamou a minha atenção, sobretudo, a torcedura produzida por ela na sua pesquisa ao esquadrinhar os seus modos de composição. A injunção, muitas vezes esvaziada de sentido, de que o sujeito da escrita deve "escrever com suas próprias palavras" ganha em seu texto um significado todo distinto, cujo teor não tem a ver com um tipo de emulação tão comum de alguns textos que, em busca de uma voz própria, não fazem mais do que reproduzir grosseiramente o autor ou autora que sustenta o seu campo teórico e conceitual. Ao contrário, o que surpreende é a maneira simples com que Vita cria camadas ao texto dito acadêmico, a partir de um procedimento mais afim ao campo literário, sem, no entanto, afastar-se do apuro conceitual e metodológico que uma pesquisa exige. Tal gesto autoral faz com que o seu texto seja, antes de tudo, um trabalho de linguagem, uma investigação com e sobre a linguagem, um experimento revestido de uma alegria rara de se encontrar.
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