Mahmud Darwich, o grande poeta da palestina e um dos mais importantes do mundo árabe, descreve um longodia de agosto de 1982, durante a invasão israelense ao Líbano e o cerco a Beirute. A narrativa de Darwich,embora considerada prosa, jamais se inscreve de forma absoluta como tal; traz sempre, como em Da presençada ausência, o tom e a dimensão poéticos dos eventos, das memórias, dos atos triviais, do fato histórico, da vidapolítica. Como em toda a obra de Darwich, trata-se de um texto que apresenta muitas camadas, tanto temporaisquanto temáticas. Em uma dessas camadas, Memória para o esquecimento é uma reflexão sobre a invasãoisraelense e suas consequências política e histórica. Mas há também as memórias pessoais e as questões que seimpõem em meio aos jatos que sobrevoam e às bombas que são despejadas sobre Beirute: qual o significado doexílio? Qual o papel do escritor em tempos de crise e de guerra? Qual amor é possível nesses tempos sombrios?E também não deixa de lançar um olhar crítico e clínico sobre os aspectos que envolvem a resistência palestina ea noção de nação árabe. Memória para o esquecimento é uma homenagem a um povo que há mais de 70 anos"rexiste" - com coragem, criatividade e resiliência - à opressão e aocolonialismo.