Faz-se necessário, pois, insistir em que o público-alvo da política de cotas também é alvo de ações e iniciativas diversas, muitas das quais igualmente oriundas de atos de governo, de políticas, de culturas: cortes orçamentários, retirada de direitos, banimentos vários, injúrias, agressões e (quando menos) críticas e discursos desqualificantes. E, no limite, genocídio, extermínio, torturas diversas. As histórias de superação não obliteram episódios opressivos, humilhantes, que tem testado, cotidianamente, a persistência do sonho. Os relatos, por óbvio, dão conta de vitórias, mas com todo o dispêndio de energia para lidar com grandes e pequenos obstáculos. Entraves estes absolutamente desnecessários, se a política de cotas já tivesse sido compreendida e absorvida pela dinâmica das universidades. Diante disso, quem iria se colocar, deliberadamente, na mira? Quem assumiria em sua voz a fala daqueles/as que, emudecidos/as por um sistema opressor que, tantas vezes, apenas os/as tolera em seu meio, por força de uma lei indigesta, já nem conseguem articular um grito em defesa de seu lugar nesse mundo? Pois houve estes e estas que, assim, se colocaram: muitas bandeiras foram levantadas aqui, pela defesa, permanência e ampliação da política de cotas. Os estudos acadêmicos que comparecem a esta reunião são incisivos e certeiros, em seu caráter afirmativo de direitos - como flechas direcionadas aos estereótipos e aos falsos consensos.