O leitor de Metamemória e Romance encontrará aqui uma análise dos romances brasileiros Olho de Rei (2005), de Edgard Telles Ribeiro, e Leite Derramado (2009), de Chico Buarque, focando os modos de representação do narrador que rememora, e a ocorrência do processo da metamemória no discurso desse narrador. Assim, os narradores de tais romances não apenas relatam suas reminiscências como também refletem sobre o próprio ato da lembrança. Além disso, busca-se demonstrar que, na literatura brasileira, a ocorrência de um narrador metamemorialístico já se dava desde o século XIX. O fio condutor deste livro nunca perde de vista que essa reflexão parte de um texto ficcional, e que por isso não deve ser encarada como um simples discurso metamemorialístico, mas como uma poética da memória, já que as ocorrências selecionadas, quando tomadas em seu conjunto, permitem visualizar determinadas características gerais que podem ajudar no entendimento de outras obras, pelo conteúdo e pela forma. Dessa maneira, é feito um panorama de vários romances brasileiros em que se observa o exercício da metamemória, desde Lucíola (1862), de José de Alencar, ao Livro das Horas, (2012) de Nélida Piñon. Além de abordar como a narrativa se detém em temas como a relação entre reminiscência e linguagem; reminiscência, tempo e imaginação; memória involuntária; memória coletiva, entre outros aspectos, o livro faz uma sondagem dos vários modos de construção sobre a memória. Há sempre um constante diálogo com a crítica sobre esses temas e com os dois romances analisados.