Com estas linhas associo-me convictamente à presente edição de textos do Cónego José Ferreira. Convictamente, pois com ele me convenci da beleza e da qualidade do "movimento litúrgico" que, do século XIX para o XX, nos foi trazendo a notícia e a realidade da celebração cristã mais autêntica e em torno do seu núcleo central: a Páscoa do Senhor. Guardo da infância a melhor recordação de celebrações e ritos, como eram então. Ainda criança, aprendi a "ajudar à Missa", numa linguagem que não era a minha, mas podia pressentir. Na adolescência e na juventude fui acolhendo com entusiasmo as decisões do Concílio e a reforma litúrgica subsequente, numa comunidade paroquial que a acolhia também. Mas foi preciso chegar ao Seminário e conhecer o Cónego José Ferreira para aprender o que acontecera e como acontecera felizmente assim. José Ferreira fora discípulo muito próximo e atento de Monsenhor Pereira dos Reis, figura cimeira do movimento litúrgico em Portugal. Pereira dos Reis estudara Teologia em Coimbra e interessou-se pelo movimento litúrgico que então singrava em mosteiros da Alemanha, da França e da Bélgica. Pároco em Lisboa (Anjos), sentia e reflectia a necessidade duma celebração mais autêntica, formativa e participada por fiéis realmente iniciados. Desde 1931 foi reitor do Seminário dos Olivais. Com ele, com suas aulas e o seu convívio, muitos seminaristas dos anos trinta e quarenta ganharam o gosto e o sentido da Liturgia, nas melhores fontes e no mais correcto exercício. José Ferreira foi um deles, sucedendo-lhe depois no mesmo magistério. No final dos anos sessenta teve ainda oportunidade de estudar em Paris com alguns dos inspiradores da reforma litúrgica do Concílio. Por tudo isto e pela sua maneira entusiasmada e comunicativa de partilhar quanto aprendera, foi um elo determinante da tradição dos Olivais nos anos setenta, quando quase tudo se teve de retomar do princípio. Ensinou-nos a celebrar e a cantar segundo os novos rituais, desvendando-nos o porquê do que se redescobrira e relançara com o movimento litúrgico. Pacientemente, convincentemente. Não se ficava pelo ensino no Seminário e na Faculdade. Desdobrava-se em encontros e palestras pela Diocese e para além dela. Colaborava constantemente com o Secretariado Nacional de Liturgia nos encontros a nível nacional. Os milhares de pessoas que passaram pelas semanas litúrgicas em Fátima ficaram marcados pelo seu ensino e entusiasmo. Os textos desta colectânea são exemplo e transmi