Eis a lógica gramatical do paranoico: na mira do Outro, o sujeito é objeto. Nas três formas clássicas de paranoia descritas por Freud - delírio de perseguição, erotomania e delírio de ciúmes -, o sujeito elege um Outro, do qual se considera um objetoespecial: perseguidor, aquele que o ama e aquela que o trai. Nada acontece por acaso. Há sentido em tudo, e esse sentido se refere a ele. O paranoico, portanto, é fundamentalmente um intérprete.O livro que você vê em suas mãos conclui uma primeira abordagem dos tipos clínicos pertencentes à nosologia psicanalítica da psicose: melancolia, esquizofrenia e paranoia. Após o exame do primeiro em Extravios do desejo: depressão e melancolia, organizado por Antonio Quinet, e do segundo em Autismo eesquizofrenia na clínica da esquize, coordenado por Sonia Alberti, esta coletânea traz a público, junto com o texto pioneiro de Charles Lasègue sobre o delírio de perseguições, valiosas contribuições conceituais e clínicas de psicanalistas envolvidoscom o tratamento da paranoia pelo discurso.