Há momentos que requerem das mentalidades progressistas atitude proativa e comprometida com os valores da democracia, com a boa energia das sociedades plurais e com o postulado da dignidade da pessoa humana.Os últimos quatro anos no Brasil têm sido desses momentos. O governo Bolsonaro se fez na contramão da evolução civilizatória e envidou todos os esforços, para manter-se no poder, inclusive à custa da democracia. As ameaças foram quase diárias, e a institucionalidade foi cooptada a serviçodos projetos pessoais do presidente.A Literatura pode e deve, naqueles pontos de tensão mais evidentes, colocar-se a serviço do processo civilizatório, sobretudo quando a democracia está em jogo. A crônica política, ainda que escrita em tom provocativo e irônico, pode ser um grande contributo a essa causa.O ano de 2022 foi marcado por uma campanha eleitoral em que dois projetos de poder no Brasil, ao menos os mais bem posicionados, disputaram a mente dos eleitores. Posicionar-se pelo lado certo era (e continua sendo) dever de todas as pessoas sensatas e democratas. O lado certo é aquele comprometido com a democracia, com a inclusão social e com o respeito pela diversidade.Este livro reúne um conjunto de crônicas publicadas semanalmente no Portal Digital "Maispb" durante os anos de 2020/2022, todas com acentuada crítica ao bolsonarismo, à falta de política pública, ao negacionismo à Ciência, ao comportamento rude e preconceituoso contra as minorais, contra as pessoas pretas, contra as mulheres, contra as pessoas LGBTQIAP+ e à sua vocação antidemocrática.São textos curtos, tecidos em uma linguagem escorreita, humorística, na maioria das vezes ácida, de tom debochado, não tendo, por isso, pretensões de atingir as camadas eruditas e refinadas da elite intelectual e seu labor acadêmico.Escrevê-los não foi difícil. Difícil foi escolher, dentre tantos, o tema da semana. Jorravam assuntos, todos os dias, produzidos, no atacado, pelo presidente ou por autoridadesdo seu entorno, como se o país, durante essa governança, estivesse em uma distopia, tantos eram os destemperos dessa gente crua, iletrada, atormentada e comprometida, até o talo, com a desesperança, com o atraso, com a misoginia, com o preconceito, com a ignorância, com a prepotência, enfim, com um punhado de crenças e atitudes fora de qualquer que seja o ideal democrático de um país republicano.Todas as crônicas aqui expostas foram escritas sobre alguma situação noticiada pela imprensa, daí