Uma mãe que perde o filho deixa de ser mãe? Uma mãe "morrente" vai desaparecer ou revive o processo de morte permanentemente? Essa e muitas outras perguntas nos atravessam durante esta leitura potente e seguem reverberando em nós. O livro trata do imenso tabu que é a morte, e nos comove do início ao fim, ao trazer, para a centralidade da narrativa, a pior das mortes, a morte de um filho, em sua primeira infância. Notas da Mamãe Morrente dialoga conosco de maneira poética, lúcida e contundente. Penetra nas nossas camadas mais profundas, do medo ao amor, da tristeza à alegria. Numa memória não linear que se revela retrospectivamente, onde a narradora revira e busca os sentidos dos acontecimentos trágicos - e também belos - de seu filho, sem recear se mostrar em suas contradições como mãe, mulher, amante, o que a torna profundamente humana. Na busca por sentidos para a sua (re)existência, possibilita, em nós leitores, emoções e questionamentos, ao mesmo tempo nos toca pela beleza e nos encoraja a buscar nossos próprios sentidos. "A morte do Leon não está no passado. Ela sempre será presente para a mãe - eu". A morte como presente, ou a morte como presença eterna? Leon é e será imortalizado neste livro, na convocação ao amor e à presença, na pulsação dos atos miúdos, na generosidade de ter existido. No limiar da consciência insana que uma realidade cortante pode fazer emergir, Marina Lima nos abraça com sua narrativa e nos coloca diante do profundo mistério que é viver.