Na escrita acadêmica, o verbo "debruçar" é bastante usado, só que muitas vezes isso acontece por fazer parte de um jargão típico deste gênero textual. No caso de Shirley Ferreira, ele é usado em seu sentido literal, ou seja, a autora verdadeiramente se debruçou sobre a biografia de Maria Firmina dos Reis. O resultado não poderia ser outro: um trabalho rico, robusto e original. O livro O Álbum: conjecturas & refutações sobre a vida e obra de Maria Firmina dos Reis se torna, a partir de então, uma referência obrigatória para quem deseja conhecer e/ou estudar a biografia da escritora maranhense.Dora StephanProfessora da UEMG. Membro da Academia Leopoldinense de Letras e ArtesDe posse de um material frágil e fragmentário - o Álbum de Maria Firmina -, Ferreira conseguiu produzir uma pesquisa sólida e coerente. Biografia, história, literatura - há de tudo um pouco. Fiquei particularmente impressionado com o conceito de obituário de afetos, proposto por Ferreira para descrever o Álbum. Imagino que a proposta vá repercutir tanto no meio acadêmico como no literário.F. Ponce de LeónEscritor e responsável pelo blogue "Poesia contra a guerra"A obra de Shirley desapega-se da síndrome do coitadismo, que poderia apresentar uma Firmina pobre coitada, marginalizada e desfavorecida no cenário intelectual oitocentista, para, de modo diferente e bem documentado, mostrar uma maranhense protagonista, senhora de si, poliglota, afrodescendente, e mulher empoderada. Chama bastante atenção a metodologia aplicada para o estudo do Álbum de Maria Firmina dos Reis, tratando de assuntos como melancolia e luto, por exemplo. Isso torna a leitura da obra altamente recomendável.José Gomes PereiraProfessor e escritor