O mais extraordinário cerco da história medieval teve início com a chegada do exército cristão à Jerusalém na madrugada de terça-feira, 6 de junho de 1099. Outros podem haver perdurado por mais tempo envolvendo grande número de tropas e empregando mais engenhos de cerco; no entanto, durante todo o período medieval, nada se compara à extraordinária jornada realizada por esses cruzados para chegarem a seu objetivo e ao arrebatador entusiasmo religioso entre as fileiras. Foi o ponto culminante da 1ª cruzada uma peregrinação militar que testemunhou o deslocamento de centenas de milhares de homens, mulheres e crianças que deixaram seus lares na Europa Ocidental e caminharam por três anos, cobrindo uma distância de milhares de quilômetros sob tremenda adversidade para alcançar seu almejado objetivo: Jerusalém. Nenhum outro exército medieval realizara tal jornada, bem como fora constituído de maneira tão peculiar. Houve centenas de mulheres pobres e à margem da sociedade, oriundas das cidadesdo norte da França, auxiliadas por caridade pelo pregador carismático, Pedro, o Eremita, e que deram novo rumo a suas vidas seguindo na expedição a Jerusalém. Fazendeiros também venderam suas terras e casas e colocaram todos os pertences em carroçasde duas rodas para seguirem em frente levando junto o gado. Bardos receberam seu ganha-pão compondo diferentes peças sobre os eventos que testemunharam, desde canções heroicas a respeito das incursões realizadas pelos nobres às imorais sátiras, queretratavam o comportamento negligente de alguns integrantes do clero superior. Naturalmente, os cavaleiros e soldados de infantaria constituíam o âmago das forças combatentes; contudo mesmo entre eles houve estranha oscilação e fluidez do status de guerreiro, quando aquele aumentava ou decrescia, dependendo da capacidade do cavaleiro para manter viva sua montaria e em boa ordem sua armadura.